Ministro Orlando Silva se defende pela segunda vez em 72 horas
Roberto Pereira de Souza
São Paulo
Em menos de 72 horas, o ministro Orlando Silva se apresenta em entrevista coletiva, pela segunda vez, para negar seu envolvimento nas denúncias de corrupção divulgadas no fim de semana. Uma das denúncias publicadas pela revista Veja traz o militar João Dias Ferreira, preso recentemente por operar com notas frias no programa Segundo Tempo, patrocinado pelo Ministério do Esporte. O militar acusa o ministro de participar de um esquema de fraude e suborno dentro do ministério.São Paulo
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PM diz que tem provas contra o ministro do EsporteO policial militar João Dias Ferreira apareceu de surpresa no Congresso Nacional, nesta terça-feira (18)
"Repudio veementemente as falsidade publicadas no fim de semana... mentiras de bandidos, que ganharam tanta repercussão", disse o ministro. "Vou restabelecer minha honra. Uma empresa de comunicação publica isso, sem provas. Não houve e não haverá provas. Protocolei pedido de investigação. A segunda medida, eu propus que o MPF apure cada uma das denuncias publicadas. A terceira medida: quero apresentar minhas razões para contestar o que foi publicado pela revista".
Em outra denúncia levada ao ar pelo Fantástico, a ONG Pra Frente Brasil, conveniada do ME, foi colocada sob suspeita de desvio do dinheiro público, recursos que deveriam atender 18 mil crianças e adolescentes. A gerente da ONG é a ex-pivô Karina Rodrigues e atual vereadora do PCdoB, na cidade paulista de Jaguariúna. O PCdoB é o mesmo partido do ministro Orlando Silva.
O militar João Dias Ferreira envolveu Orlando Silva na recepção de propinas e a reportagem menciona "que uma caixa de papelão com notas de R$ 50 e R$ 100 foi entregue ao então secretário executivo do ministério", quando o titular da pasta era o atual governador do DF, Agnelo Queiroz.
Orlando admitiu que conhece Dias Ferreira e que o recebeu em seu gabinete uma vez, a pedido de Agnelo Queiroz. Mas negou qualquer tipo de corrupção em sua gestão, quando ainda estava em Guadalajara, para acompanhar os Jogos Pan-Americanos. Homem do governo Dilma na gestão das obras da Copa 2014, Orlando foi chamado de volta ao Brasil e convocou mais uma vez a imprensa para se defender.
Nesta segunda-feira, Orlando enviou ofício à Procuradoria Geral da República pedindo abertura de inquérito na Polícia Federal para investigar seu próprio ministério. Em 2012, o ME receberá mais R$ 230 milhões para gastar "com apoio à Copa 2014".
Na África do Sul, a presidente Dilma Rousseff falou de presunção da inocência de Orlando Silva: "O ministro, não só nós presumimos a inocência dele, como ele tem se manifestado com muita indignação quanto às acusações", disse a presidente. "Nós, ao contrário de muita gente por aí, temos o princípio democrático e civilizatório, nós presumimos inocência".
Orlando anunciou mudanças no programa Segundo Tempo."O começo de 2012 haverá apenas 11 convênio com ONGs", anunciou o ministro. "Ano após ano procuramos aperfeiçoar a gestão do projeto, principalmente a partir de 2009. Os organismos de controle que eu convoquei e minha audiência no Congresso servirão para restabelecer a verdade", finalizou o ministro.
Orlando Silva avisou também que continuará trabalhando pela organização da Copa 2014 mas que não estará na Suíça, nesta quarta e quinta feira. "Não irei porque não quero vincular a decisão da Fifa de escolher a sede de abertura e encerramento da Copa à minha presença".
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